Empresários capixabas se reuniram nesta quinta-feira (23), no auditório da Findes para escutar as valiosas dicas de Wagner Luiz Teixeira sobre sucessão familiar no Conexão Cindes edição de agosto.

Especialista em em transição de gerações e sócio da Höft, empresa de consultoria no ramo, ele ministrou a palestra “Sucessão Familiar: como transformar empresas familiares em famílias empresárias, construindo processos de sucessão e a continuidade”, onde ressaltou a importância de saber dividir bem os papéis desempenhados no ambiente familiar e no trabalho.

“É preciso saber quando colocar o chapéu de pai e quando colocar o do chefe”, apontou, ao trazer o caso de um de seus clientes, que precisou demitir o filho da própria empresa, mas queria ajudá-lo na vida profissional.

Sobre a sobrevivência de empresas familiares, Teixeira trouxe estatísticas preocupantes: 25 a 30% chegam à segunda geração; de 12 a 14% dos negócios chegam a terceira geração; 04 a 08% chegam a quarta geração.

Para que sua empresa tenha vida longa, listamos 5 dicas dadas por Teixeira na edição do Conexão Cindes.

1 . Reconhecer os sistemas que compõem o contexto da empresa familiar

Três são os sistemas que compõem uma empresa familiar: família, patrimônio e empresa. Identificar a característica de cada um e criar um equilíbrio entre eles é o principal fundamento da continuidade e vida longa desse tipo de negócio. “Tem questões de família que interferem nos outros sistemas. Na família, o que predomina é o afeto, a emoção e o amor. Se você levar isso para dentro da empresa vai ter um problema. O que predomina na empresa? Lógica e razão. Se você leva isso para dentro da família, também não vai funcionar. Então, precisamos buscar um equilíbrio entre eles e que cada característica permaneça dentro do sistema de origem”, orienta.

2 . Não há receita do bolo

Teixeira frisa que a continuidade não necessariamente significa imitar o que o antecessor fez. “Existe uma dinâmica nas empresas familiares que mistura os aspectos familiares, patrimoniais e empresariais. Na primeira geração, quem gerencia isso é o fundador. Então, ele contempla a família, contempla o patrimônio, pensa no investimento e dirige a empresa. Quando isso passa para a segunda geração, primeiro que o modelo de sucesso deles é individual e, a partir dali, eles vão ter uma relação societária que é coletiva. Cada um deles, se tentar imitar o pai, vai naufragar. Porque agora há uma sociedade que não existia. Não funciona um modelo existente para o presente.

3 . Empresas familiares funcionam como um treino em equipe

“Costumo fazer um paralelo de que ser uma família empresária é parecido com ser um atleta de elite. Não é fácil ser um atleta de elite: tem que ser extremamente disciplinado com alimentação, com sono, com treinamento, com cuidado físico e é uma pessoa só. Numa família empresária somos um grupo, precisamos treinar todos juntos, desenvolver hábitos alimentares e de sono juntos. É uma maratona da família toda. Dá trabalho, mas quando dá certo, dá muito certo. Estudos nas bolsas europeias comparando empresas familiares e não familiares. Os resultados das empresas familiares são superiores às da não familiares.”, aponta.

4 . Sucessão requer planejamento

Teixeira ressalta a importância em se preparar sucessores e realizar um planejamento para quando essa hora chegar, com estratégias a serem adotadas em curto, médio e longo prazo. E esse processo vai muito além das questões administrativas, transcendendo para as questões de conflitos familiares e adoção de mecanismos para uma comunicação eficiente entre os membros da família.

5 . Nem toda empresa familiar se torna uma família empresária

Teixeira observa que “toda família empresária é uma empresa familiar, mas nem toda empresa familiar se torna uma família empresária”, justamente porque ser uma família empresária implica em tomar decisões a longo prazo, um compromisso coletivo com a continuidade, para que o negócio possa atravessar as gerações.

Por Fiorella Gomes